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Relatório final da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva é apresentado

13.03.15 São Paulo

A (CVRP) apresentou, em sua 157ª audiência pública, o relatório final dos seus trabalhos nesta quinta-feira, 12/3. O trabalho está também disponível para consulta em plataforma virtual, através do link verdadeaberta.org, onde constam vídeos das audiências públicas, fotos e documentos levantados.


 

O presidente da CVRP, deputado Adriano Diogo (PT), abriu a sessão com a oitiva do último discurso público, feito em 1º/4/1964 à Rádio Nacional, do então deputado federal por São Paulo Rubens Paiva, que alertava para a gravidade da situação do país, movido por uma “onda de mentiras” que estavam levando à deposição do presidente João Goulart.

Pedro Dallari, que foi o coordenador da Comissão Nacional da Verdade, encerrada no dia 10/12/2014, comentou que originalmente não estavam previstas a formação de outras comissões da verdade, mas a sociedade e instituições diversas acabaram criando rapidamente, em todo o Brasil, suas próprias investigações. Ele agradeceu o trabalho de parceria da comissão estadual, que foi a primeira a ser instalada, e que investigou temas que não estavam no escopo original, além de ter estabelecido padrão rigoroso de colheita de depoimentos e documentos.

“O relatório hoje apresentado não é o fim do processo”, continuou Dallari, que ressaltou que o trabalho continua, pois é importante se manter o acompanhamento do cumprimento das recomendações, “para zelar para que seu legado não se perca”.

Memória, verdade e justiça

O trabalho que se encerra com o término das atividades da CVRP na Assembleia Legislativa não é “o ponto final na luta pela memória, verdade e justiça”, disse a coordenadora da CVRP, Maria Amélia Teles. Para ela, “apurar os crimes da ditadura é tarefa imprescindível para pôr fim nos crimes que ocorrem diariamente na democracia. “A decisão tomada pelo STF de anistiar os torturadores reforça a política de esquecimento e autoriza a manter os crimes no momento presente, pois permanece ainda parte do modus operandi da repressão política. Manter os torturadores impunes é manter o Brasil fora da lei no tocante aos direitos humanos”. Ela lamentou ainda que não se tenha tido acesso aos arquivos militares.

O relatório, continuou Amelinha, é composto por 26 capítulos temáticos, 168 casos de pessoas mortas e desaparecidas no Estado de São Paulo, mais 20 investigados ligados à guerrilha do Araguaia, 150 recomendações temáticas, 18 recomendações gerais e o conteúdo desenvolvido por grupos de trabalho e pesquisadores parceiros. Foram lançadas três publicações ” A Sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA, o Bagulhão, e Infância Roubada.

Após agradecer a participação de todos os participantes e colaboradores, e também os familiares de mortos e desaparecidos políticos, Amelinha destacou o “esforço e dedicação de Adriano Diogo”.

 

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Responsáveis pela Plataforma Digital, Xenya Bucchioni e Lucas Pretti apresentaram o site. A seguir, alguns dos pesquisadores da CVRP – Thaís Barreto, Raquel Brito, Pádua Fernandes, Vivian Mendes, Maria Carolina Bissoto, Luiz Felipe Loureiro Foresti, Lea Vidigal Medeiros e Renan Quinaglia – falaram sobre os capítulos que foram de sua responsabilidade, dando destaque a alguns dados levantados pelas pesquisas.

Comissão da Verdade Rubens Paiva investigou repressão a trabalhadores do Metrô de São Paulo

A FENAMETRO e a comissão da verdade dos metroviários de São Paulo colaboram na elaboração deste relatório.  A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, , em parceria com o Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras por Verdade, Justiça e Reparação, realizou audiência em que foram ouvidos trabalhadores do Metrô. A reunião faz parte de uma série em que é investigada a colaboração do empresariado paulista na repressão aos trabalhadores durante o período da ditadura civil-militar.

Sebastião Neto, um dos coordenadores do Fórum de Trabalhadores e Trabalhadoras, falou de um levantamento acerca da repressão aos trabalhadores do Metrô, feito por Alexandre Carvalho Leme, da comissão da verdade do Sindicato dos Metroviários de São Paulo . Segundo Leme, há importantes indícios de relação direta entre a repressão mais recente no Metrô e fatos da época da ditadura.

Conforme documentos apresentados por Neto, o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) vigiava constantemente as atividades metroviárias, sendo que informações dadas ao DOPS partiam de dentro do Metrô. “Queremos saber quem era o informante e o porquê”, afirmou.

Paulo Roberto Soler, funcionário do Metrô entre 1976 e 1988, relatou sua participação, como diretor do sindicato, na greve de 1983. Soler foi demitido juntamente com 357 funcionários. Wagner Gomes, também funcionário do Metrô, afirmou: “Não tenho dúvidas de que pessoas ligadas à repressão continuam nas estatais até hoje”.

 

Nossa luta por verdade , justiça e reparação continua.