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Em SP, manifestação denuncia Máfia Internacional que há 20 anos domina transporte sobre trilhos

16.08.13 São Paulo

No final desta quarta-feira (14), mais de 5 mil pessoas participaram da manifestação convocada pelo MPL (Movimento Passe Livre), MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Federação Nacional dos Metroviários, entre outras entidades do movimento sindical, popular e da juventude, para denunciar a mafia dos transportes.

 Os manifestantes se concentraram no vão do Vale do Anhangabaú e depois saíram em passeata até o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), onde estão sendo investigados 45 inquéritos relacionados ao cartel de licitação para as reformas de trens do metrô e da CPTM (Companhia Paulista de Trem Metropolitano). Os manifestantes cobraram do Ministério Público mais agilidade e rigor na investigação das inúmeras denúncias que perduram por mais de 20 anos, chefiada pela “máfia internacional” (denominada pela mídia de “cartel”), dominando o transporte sobre trilhos em São Paulo, com uma relação mais do que promiscua com os sucessivos governos do PSDB.

Na sequência, os manifestantes foram até a Secretaria de Transportes Metropolitano onde queimaram simbolicamente um boneco representando o governador Geraldo Alckmin e uma catraca, gritando palavras de ordem como “por um mundo sem catracas. No momento do ato, uma comissão foi recebida por representantes da administração do Metrô e CPTM, onde foi protocolado um documento em nome das entidades que convocaram a manifestação.  

As recentes denúncias de superfaturamento em obras e reformas de trens do metrô e CPTM devido à formação de cartéis para licitação entre empresas multinacionais como Alstom, Bombardier, CAF e a Mitsui, denunciadas pela Simens, que também fazia parte do esquema, geram revolta em setores que lutam por um transporte de qualidade para os trabalhadores.

Segundo valores já apurados pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), foram desviados dos cofres públicos R$ 425 milhões. Para o MPL e os metroviários, se esses recursos tivessem sido investidos no transporte público, não haveria trens lotados e passagens tão caras.

Para Marcelo Hotimsky, do MPL, “o cartel denunciado ou o aumento da tarifa seguem tudo a mesma lógica, eles [governo e empresários] têm como prioritário os lucros das empresas e não os usuários e os trabalhadores do transporte público”. O representante do movimento acrescenta que o ato serve para denunciar o cartel de licitação “vamos mostrar para os governantes que estamos nas ruas, e não deixaremos eles fazerem o que bem entenderem do nosso transporte público”.

Transporte público virou mercadoria

Depois das jornadas de mobilizações de junho impulsionadas pelo MPL, que conseguiu revogar o aumento das tarifas de ônibus, trens e metrô no estado de São Paulo, o MPL se junta aos metroviários para denunciar a lucratividade das empresas e a precarização do transporte público. Para o movimento, somente a unidade entre todos os que dependem do metrô (trabalhadores e usuários) poderá haver mudança significativa que não seja apenas a dos empresários que visam unicamente os lucros.

“O MPL sempre defendeu que o transporte só vai mudar e atender os interesses de quem o usa diariamente quando tiver uma unificação da luta dos trabalhadores [metroviários] com os usuários”, afirma Monique Félix, uma das representantes do movimento em São Paulo. “Hoje acumulamos uma força política conquistada em junho, e ela aconteceu nas ruas e, é isso que estamos fazendo aqui. Um primeiro grande ato de unificação de todos os trabalhadores e usuários, porque somente juntos poderemos construir um transporte que atenda às necessidades da população”, acrescenta Monique. 

O presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Altino dos Prazeres, disse que, diante desses escândalos de corrupção, não é mais possível que a sociedade assista a tudo, passivamente, pela televisão, sem ir para às ruas. “Do mesmo jeito que nos manifestamos contra o aumento da tarifa, e conseguimos reverter o quadro, agora nós queremos a devolução de todo o dinheiro roubado que está na casa dos R$ 425 milhões. Vamos lutar para que todo esse dinheiro seja revertido ao transporte público, com a redução da tarifa e na melhora da qualidade do transporte”, afirmou.

Já para Paulo Pasin, presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários) – o ato público é um marco para o diálogo com a sociedade, para quem o sistema de transporte está a serviço. “Essa denúncia de corrupção só trouxe à tona aquilo que o pessoal do MPL e nós metroviários sempre falamos: transformaram o sistema de transporte em mercadoria. Agora precisamos ‘desprivatizar’ o metrô de São Paulo. Os sucessivos governos do PSDB transformaram o Metrô e a CPTM num balcão de negócios ilícitos para atender os interesses de grupos privados: Alstom, Siemens, CAF, Bombardie, CCR e dezenas empresas subcontratas destes grandes grupos internacionais que foram denunciados ao CADE”, arrematou. Ao comentar a importância do ato político Pasin afirmou que se trata “do início da retomada das mobilizações”.

Para o MPL e para os metroviários, se esses recursos tivessem sido investidos no transporte público, não haveria trens lotados e passagens tão caras.

Por Juliana Silva – Redação: Federação Nacional dos Metroviários

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