Na próxima sexta-feira, 19, a população de São Paulo poderá sofrer um grande ataque. Na data, está marcado o leilão de privatização das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro do metrô. A medida enfrenta grande resistência dos metroviários, que denunciam os problemas da privatização e do próprio edital das linhas.
O Metrô de São Paulo é hoje o maior do país, e já conta com uma linha privatizada, a Linha 4-Amarela, que foi alvo de diversas denúncias de corrupção e até hoje não teve todas suas estações entregues.
Conforme previsto no edital, as linhas serão entregues à iniciativa privada prontas, com novos trens e sistema implementado, ou seja, com o ônus da construção unicamente para o Estado. O lance inicial previsto no leilão é de R$ 189,6 milhões, um valor que não chega a cobrir nem os investimentos iniciais do Estado, e que será financiado com dinheiro público, pelo BNDES – apenas o sistema dos trens, o chamado CBTC, custou aos cofres públicos R$ 175 milhões.
Um dos pontos de questionamento da categoria metroviária é em relação a tarifa das linhas privatizadas e o número de passageiros transportados. Seguindo o mesmo modelo da Linha 4-Amarela, a remuneração paga às empresas em relação a tarifa das Linhas 5 e 17 não será subordinada a política tarifária do Estado, e terá regras previamente acordadas, seguindo índices de reajuste mais altos do que os do metrô estatal. Atualmente, um passageiro da Linha 4 custa ao Estado R$ 4,0373, enquanto a tarifa paga pela população é de R$ 3,80.
Na licitação também há, assim como na ocorre com a Linha 4, a previsão de um número mínimo de passageiros transportados, que mesmo que não seja atingido deve ser pago pelo Estado à concessionária.
Privatização pode atingir outras linhas
A privatização destas linhas faz parte de um projeto maior do governo Alckmin (PSDB), que pretende atingir todas as linhas do metrô. Um das primeiras medidas tomadas para privatização da Linha 5 foi a terceirização das bilheterias, que agora chegou também a Linha 2-Verde.
A Fenametro é contra esta política, e denuncia as privatizações não apenas em São Paulo, mas em todo país. Além de trazer aumento da tarifa, demissão de trabalhadores e precarização do serviço, a privatização está intimamente conectada com a corrupção. As empresas envolvidas nos escândalos da Lava Jato e do Trensalão são as mesmas que concorrem e vencem estes leilões, como foi no caso da Linha 4-Amarela.
Categoria segue mobilizada
O Sindicato dos Metroviários de São Paulo está convocando todas entidades e movimentos sociais para reunião do Fórum em Defesa do Metrô Público e Estatal, que será realizado na sede do Sindicato no dia 11 de janeiro.
A categoria irá realizar uma grande manifestação no dia do leilão, em frente a bolsa de valores, e indicou uma paralisação de 24h na véspera, no dia 18.