O pré-carnaval de São Paulo recebeu neste final de semana cerca de 2 milhões de foliões, que enfrentaram diversos problemas nas estações e transferências da Linha 4-Amarela. Primeira linha privatizada do metrô da capital, é administrada pela ViaQuatro, empresa do grupo CCR, que também venceu a licitação das Linhas 5-Lilás e 17-Ouro.
No sábado, 4, usuários acionaram o dispositivo de emergência num trem da Linha 4, o que fez com que ele ficasse paralisado e os usuários ocupassem a via. Para o coordenador geral do Sindicato dos Metroviários, Wagner Fajardo, a ViaQuatro não está preparada para receber um grande número de usuários, pela sua característica automatizada, de não ter operador de trem, e pela falta de funcionários.
De acordo com Alex Santana, diretor do Sindicato e da Fenametro, o episódio ocorrido na Linha 4 acontece com frequencia nas linhas públicas do Metrô. “A diferença é que há um funcionário de estação, um segurança e mesmo outros operadores de trem para atuarem em falhas. Em uma situação dessas um ou mais funcionários irão normalizar o dispositivo”, disse.
Uma das características da privatização é a redução do número de funcionários, para maximizar o lucro do serviço, o que neste caso, pode colocar a população em risco. Santana ainda explica que na Linha 4 um funcionário tem acúmulo de funções, desempenhando várias ao mesmo tempo. “Um segurança não é simplesmente um segurança, é um agente de estação, um operador de trem e às vezes aprende até como atuar na manutenção”, afirmou.
A ViaQuatro chegou a paralisar o serviço, fechando transferências e estações, não cumprindo com seu compromisso de atender a população. Fajardo complementa que mesmo com as estações fechadas, a ViaQuatro tem seu lucro garantido contratualmente. “No contrato está previsto ao Estado pagar a ViaQuatro um valor mínimo, mesmo que o número de usuários não o atinja”, disse.
Os metroviários ainda criticaram a cobertura da imprensa e a atuação da direção do Metrô. Nos grandes jornais o problema da Linha 4 foi associado ao metrô, e não a empresa privatizada, fato que a própria direção do metrô não desmentiu.