No último sábado, 4, a ViaMobilidade, concessionária formada pelo Grupo CCR e a Ruas Invest Participações, assumiu a operação da Linha 5-Lilás, privatizada pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB) no início deste ano. O contrato tem 20 anos de duração.
As empresas também controlam a Linha 4-Amarela, através da empresa ViaQuatro, junto a empresa Mitsui & Co, e venceram um leilão de cartas marcadas. A Fenametro e o Sindicato dos Metroviários de São Paulo denunciavam há meses que a provável vencedora do leilão seria a CCR, já que o edital indicava diversos direcionamentos para atender aos interesses e características da empresa.
No edital estavam previstas condições como ter experiência comprovada de no mínimo 12 meses na atuação em metrôs, ferrovias ou monotrilhos, além de transportar ao menos 400 mil passageiros por dia, condição que só a CCR cumpre no Brasil – a Invepar, outra empresa da área, só cumpre o requisito em consórcio onde atua junto a CCR.
Com o início das operações, os funcionários da Linha 5-Lilás foram realocados para outras linhas onde a operação é estatal, o que significa grandes mudanças em suas rotinas, inclusive geográficas, dada a localização dos novos postos.
A Linha-5 havia sido inaugurada em 2002, e muitos funcionários trabalhavam no local há mais de uma década.
Sindicato denuncia treinamento falho
Nas estações da Linha 5 os funcionários estatais foram substituidos por trabalhadores da empresa privada, cujo treinamento, de acordo com denúncia do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, foi insuficiente, o que coloca em risco os trabalhadores e usuários do Metrô.
No primeiro dia útil de operação comercial, já houve falha de sinalização, atrasando a vida de milhares de cidadãos.
A Fenametro denuncia as privatizações não apenas em São Paulo, mas em todo país. A privatização não traz nenhum benefício nem para população e nem para os trabalhadores, já que traz aumento da tarifa, demissões e precarização do serviço, além de estar intimamente conectada com a corrupção.
Os trabalhadores do metrô estatal que trabalharam por anos na Linha 5 deixam a Linha com tristeza. Por lá ficaram histórias, experiências, aprendizados, amizades. Mas eles devem sair com o orgulho de que essa entrega não aconteceu sem luta. No dia 18/01/18, houve uma greve contra a entrega da linha, em que os funcionários da Linha 5 foram vanguarda.
É necessário que esse aprendizado esteja a serviço de impedir que a privatização e a terceirização avancem para as outras linhas. E para fortalecer a luta em defesa de um metrô público, estatal e de qualidade.