Neste mês estão acontecendo audiências públicas para debater com a sociedade a tentativa de privatização da CBTU e da Trensurb. Na última quinta-feira, 24, o debate aconteceu na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.
Em junho deste ano, o governo Bolsonaro confirmou a privatização da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e da Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trensurb).
Aprovada em reunião do Conselho do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) no início de maio, a privatização está prevista para o 1º semestre de 2021 no caso da Trensurb, e no 2º pra CBTU. A CBTU é responsável pelos metrôs de Belo Horizonte, Recife, Maceió, João Pessoa e Natal e a Trensurb pelo metrô de Porto Alegre
A audiência discutiu a necessidade do enfrentamento à privatização e contou com a participação da categoria metroferroviária. Representando o Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul, Luis Henrique Chagas, presidente da entidade, lembrou o caso do Chile, país que vive hoje uma convulsão social por colher hoje a política de 30 anos de neoliberalismo que o governo Bolsonaro está querendo implementar no Brasil, de destruição do serviço público, privatizações e aumento da pobreza.
Chagas ainda trouxe o exemplo do metrô do Rio de Janeiro, onde o metrô é totalmente privatizado e quem constrói linhas novas e compra trens novos é o Estado. Ele reafirmou que o transporte é um direito, e deve ser reivindicado junto a outros direitos como saúde, educação, e a mobilização para essa garantia é importante acontecer.
A diretora da Fenametro, Carmen Rodrigues dos Santos, afirmou que a Federação repudia todo e qualquer ataque a classe trabalhadora, o que temos vivido muito com o governo Bolsonaro. Ela mostrou a potência da categoria metroferroviária, cujos trabalhadores movem o país e tem o poder de paralisá-lo.
Para Carmen é necessária a união da categoria, para que possamos construir uma greve que pare esse país e siga o exemplo do Chile.
Ambos dirigentes reforçaram o apoio do Sindicato e da Fenametro aos 6 metroviários da Trensurb punidos na greve geral, que estão afastados, sem salário e sem poder buscar uma fonte de renda, repudiando a atitude cruel e anti-sindical da empresa.
A audiência foi convocada pelo deputado estadual Elvino Bohn Gass (PT) e estiveram presentes no debate a deputada Sofia Cavedon (PT) e Fernanda Melchiona (PSOL), além de vereadores e deputados do PT, do PSOL e figuras públicas.
Outras categorias prestaram solidariedade aos metroviários como trabalhadores dos Correios, professores, saúde, servidores estaduais, municipais, além de usuários do metrô, associações locais.
Representantes da empresa, do município e do governo estadual fizeram discursos semelhantes, deixando apenas para o governo federal a responsabilidade sobre a ação.