Para metroviários de São Paulo, privatização da Linha 5 trará demissões e piora no serviço
22.07.15 São PauloSindicato dos Metroviários se manifesta contra a privatização e promete articulação da categoria
Após o anúncio do governador Geraldo Alckmin (PSBD) de que irá passar a operação da Linha 5-Lilás do Metrô para a iniciativa privada, o Sindicato dos Metroviários de São Paulo se manifestou nesta quarta-feira, 22, como contrário a esta medida e prometendo mobilizações,
Para o diretor do Sindicato dos Metroviários e trabalhador da Linha 5, Narcísio Soares, a privatização da linha trará grandes prejuízos aos usuários e uma significativa destruição da qualidade do metrô. “Já sabemos comprovadamente que a entrada da iniciativa privada não tem relação com a melhora da qualidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, após a privatização o sistema foi sucateado e não houve nenhuma melhoria”, afirmou.
A Linha 5- Lilás será privatizada através do modelo de concessão, e sua operação será realizada por uma empresa privada. A empresa irá operar desde o trecho que já está em funcionamento, que vai da estação Capão Redondo a Largo Treze, até o trecho que ainda está em obras, da estação Largo Treze a Chácara Klabin.
Em São Paulo já existem linhas privatizadas, como a Linha 4-Amarela, uma Parceria Público Privada (PPP) do Governo do Estado com a empresa Via Quatro, da CCR – empresa gerida pelos grupos Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Segundo o Sindicato, a Linha 4 tem menos funcionários se comparada as linhas geridas pelo Estado, e também apresenta maior tempo de operação, sendo menos eficiente que as demais.
O Sindicato ainda acredita que a privatização do metrô tem grande relação com os escândalos de corrupção nos governos federal e estadual. “Todas as empresas e grandes construtoras envolvidas nos esquemas de corrupção, na Operação Lava Jato, são as mesma empresas que estão entrando no ramo de privatização do metrô, como Odebrecht, Andrade Gutierrez e Queirós Galvão”, disse Narcísio.
Em seu anúncio, o governador Geraldo Alckmin afirmou que a privatização trará mais empregos, mas os metroviários acreditam justamente no contrário e temem demissões, só na Linha 5-Lilás são cerca de 700 trabalhadores.
Para Rodrigo Armando, também do Sindicato, diretor da Fenametro e trabalhador da Linha 5, se o interesse do governador fosse gerar mais empregos chamaria os aprovados nos últimos concursos do metrô. “Temos diversas pessoas que foram aprovadas em concurso e nunca foram chamadas,” disse Rodrigo.
Categoria irá se mobilizar
Os metroviários irão se mobilizar para barrar a tentativa de privatização, propondo um diálogo com a centrais sindicais, com a categoria e outros setores, além dos próprios usuários do metrô. ” Iremos discutir com toda a sociedade, pois achamos que o metrô de São Paulo é um patrimônio de todos os trabalhadores e de todos usuários que utilizam o sistema, inclusive pretendemos até um plebiscito com a população”, afirmou Narcísio.
Para Narcísio, o ataque vai muito além do metrô de São Paulo, chegando a outros metrôs e a setores do transporte público em geral. “Os metrôs de Belo Horizonte e Rio Grande do Sul também serão privatizados, e estes são metrôs federais. O setor de aeroviários sendo privatizado, o de ferrovia de carga avançando na privatização, todo setor estratégico nacional está sendo privatizado, sendo entregue para este conjunto de empresas envolvidas na Operação Lava Jato”, disse.