Metroviários da Argentina, Chile e Portugal prestam solidariedade a luta contra a privatização dos metrôs no Brasil
05.10.15 InternacionalA luta contra a privatização dos metrôs precisa ser internacional, em especial latino-americana. Este é um chamado dos metroviários argentinos, chilenos e portugueses presentes no debate realizado na quarta-feira, 30 de setembro, no Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Na conversa, que também contou com a presença de refugiados haitianos que estão se mobilizando para ajudar mais conterrâneos a se estabilizarem no país, os metroviários presentes relataram a situação do metrô em seus países, e as ameaças de privatização.
Na Argentina, a privatização já chegou há mais de duas décadas e levou o metrô de Buenos Aires a uma situação muito precária. Roberto Pianelli, secretario geral do Sindicato del Subte, relembra o discurso utilizado na época sobre as vantagens da privatização. “Diziam que com a privatização teríamos uma empresa mais eficiente, com mais segurança, com alta tecnologia”, conta.
Privatizado em 1994, em uma década de intensas privatizações no mundo, especialmente na América latina, o metrô não recebeu nenhuma das vantagens prometidas. “E 20 anos depois a empresa não trouxe nenhum elemento de tecnologia novo, continuou com os mesmos trens, com uma frota que tem em média 60 anos”, complementa Pianelli.
Diferente do argentino, o metrô chileno é público, mas também sofre com a ameaça da privatização. Existe hoje um projeto para que se privatize a Linha 7, uma linha paralela a já existente Linha 1.
Para Eugenio Valezuela, presidente da Federación de Sindicatos de Metro de Santiago del Chile (Fesimetro), o problema da linha não é apenas em relação a privatização, mas quanto ao local onde será realizada. “A Linha percorre uma área elitizada da cidade, e não locais onde o metrô é necessário”, afirmou.
No metrô de Santiago, cerca de 2/3 dos funcionários são terceirizados, e ainda sofrem com a dificuldade de organização sindical promovida pela ditadura de Augusto Pinochet, que fragmentou muito a luta.
Mesmo em uma realidade muito diferente da latino americana, o metrô de Portugal enfrenta problemas semelhantes. Lá existem metrôs estatais, concessionados e com ameaças de privatização.
De acordo com José Manuel Oliveira, coordenador da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), as privatizações em Portugal beneficiam inclusive empresas transnacionais. “O governo tentou implementar um pacote com uma série de privatizações, e as vésperas das eleições nacionais não conseguiu atingir todos os seus objetivos, mas o metrô segue ameaçado”, afirmou.