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Expansão desatinada do Metrô/SP é criticada pela Fenametro em audiência pública

12.06.13 São Paulo

Segurança nas estações, superlotação, desocupações de moradias, monotrilho e movimento paredista dos trabalhadores metroviários, foram alguns dos temas debatidos na audiência pública realizada pelo Ministério Público de São Paulo, na última quinta-feira (6).

O diretor da FENAMETRO, Narciso Soares, também diretor do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, esteve na audiência. Altino dos Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, entre outros representantes da categoria metroviária também participaram do evento. 

A mesa foi composta pelo Secretário de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Jurandir Fernandes e Diretores do Metrô/SP. Ambos tiveram que responder aos questionamentos feitos por representantes de associações, lideranças de comunidades e dirigentes sindicais. Slides, estatísticas, gráficos e projetos ambiciosos apontando para expansão do metrô e monotrilhos foram os argumentos e justificativas sustentados pelos representantes do Metrô/SP, quanto ao prejuízo que a expansão vem causando a população de modo geral.

Do outro lado da mesa, não faltaram questionamentos e duras críticas as ações do metrô. Segundo representantes das favelas do Comando e do Buraco Quente, ambas localizadas no bairro Campo Limpo, pelo menos 300 casas já foram removidas. Famílias reclamam da desinformação e de indenizações com valores abaixo dos preços praticados pelo mercado. Representante da Associação Preserva São Paulo, afirmou que “hoje em dia quando fala que o metrô vai passar num bairro, as pessoas se apavoram de medo”.

Metroviários

A ausência de operadores de trem esteve presente no debate devido aos monotrilhos, transporte considerado de alto risco na opinião dos metroviários. Altino dos Prazeres, presidente do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, lembrou do acidente que ocorreu no ano passado, onde dois metrôs se chocaram. “Quando houve o choque na linha 3 (vermelha) os operadores foram necessários para evitar uma tragédia, naquilo que diziam ser ‘impossível’ de ocorrer. Portanto, diante dessa situação é mais do que necessário operador de trem na linha 4 e em todas as linhas do metrô”, afirmou.

Sobre o direito de greve, tema também levantado na audiência pública, Altino respondeu as críticas da mesa quanto a operação que deve ser adotada pelo Metrô/SP, chamada de “Plano de Contingência”, evitando, segundo a administração que a população fique desassistida do transporte público, num movimento paredista. “Na ditadura militar quando era proibida a realização de greve, foi feita a greve do ABC, e era proibida por que tiraria o direito a lucratividade das empresas. Pois bem, a greve também é um direito sagrado na Constituição. Portanto, se for proibida a greve dos metroviários, ferroviários, saúde ou dos professores, as coisas vão estourar de outra forma. Se for proibido as pessoas realizarem passeatas nas ruas, isso vai ocorrer de outra forma”, afirmou o dirigente sindical.

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Sobre formas de organização Altino falou da proposta apresentada pelo sindicato na última mobilização da categoria. “Nós apresentamos como alternativa a liberação da catraca no período em que ocorresse a greve. Mas qual é o problema, o Metrô é contra, alegando questão de segurança, porém, o argumento de fundo é financeiro”, rebateu Altino.

Narciso Soares, diretor de comunicação da FENAMETRO, aproveitou a audiência pública para denunciar as desapropriações da linha 6, um projeto de Parceria Pública Privada. “Será desapropriada uma área maior do que o necessário em todas as estações da linha 6, causando com um impacto desnecessário a população, simplesmente, para doar o espaço a construção de shopping, para especulação imobiliária e para doar a iniciativa privada”, denunciou o dirigente.

Outro questionamento levantado pelo representante da Fenametro foi sobre a transparência e o acesso à informação dos projetos do Metrô/SP. “Cadê o projeto da linha 4? Queria saber se no site do metrô temos acesso a essa informação? Questionou o dirigente aos representantes do Metrô/SP, uma linha de Parceria Público Privada – PPP. Além disso, questionou a mesa sobre a ausência dos responsáveis da linha 4 na audiência pública.

Sobre o sistema CBTC, Narciso apontou falhas no intervalo da linha 4 que já operada com este sistema. “Quero saber qual é essa lógica, por que o Metrô/SP está gastando R$ 800 milhões só para implantação do CBTC pela Alstom, porém, a implantação está há mais de cinco anos atrasado”, criticou Narciso. “A lógica que está sendo apresentada aqui para a imposição do CBTC não é técnica, pois quem está aqui (na mesa) não é o corpo técnico, e sim a direção, o corpo técnico não tem culpa e aponta que o CBTC é um erro. O problema são as decisões políticas em favor dos interesses privados”, denunciou o dirigente.