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Metrô Rio impõe trabalho ininterrupto e desrespeita negociação do Acordo Coletivo da categoria

10.08.13 Rio de Janeiro

A concessionária Metrô Rio que cobra a passagem mais cara do país, que impõe trabalho ininterrupto aos metroviários na Jornada Mundial da Juventude, que desrespeita a negociação do Acordo Coletivo dos trabalhadores, deu suas boas-vindas aos peregrinos na abertura da JMJ, com a pane e paralisação do metrô por duas horas.

Um rompimento no cabo de energia deixou a cidade sem metrô das 16h19 às 18h32. As primeiras estações a serem afetadas foram zona norte até a Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. Entretanto, todo o sistema precisou ser desligado para conserto.

Mesmo diante da pressão do grande evento e da precariedade em que está submerso o Metrô Rio, os trabalhadores da manutenção conseguiram em duas horas fazer com que toda a linha do metrô voltasse a funcionar.

Esses são os trabalhadores que viveram meses de indignação ao ver o seu Acordo Coletivo ser enrolado, para posteriormente e de forma autoritária a empresa impor a aprovação do Acordo nos moldes em que ela queria, coagindo os trabalhadores.

Nunca é demais lembrar que o Metrô Rio tem a passagem mais cara do Brasil, em abril o reajuste da passagem chegou em R$ 3,50. Porém, após as grandes manifestações de junho veio a revogação do aumento para R$ 3,20 – permanecendo, ainda assim, a mais cara do país. Pois bem, são os fundos de pensão estatais como Previ, Petros, Funcef e a empreiteira OAS, detentoras de 70% dos rendimentos do metrô, que pagam um piso salarial miserável de R$ 750,12 aos metroviários, que impõe demissão em massa, que retira do trabalhador doente seu tíquete alimentação, como ocorreu em 2010, que demite dirigentes sindicais e que vem sendo sistematicamente denunciado pelo Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro – Simerj.

Faturamento milionário

Essas empresas juntas faturam no guichê, segundo balanço de 2012, R$ 526 milhões. Um lucro de 34% sobre a receita operacional líquida, conforme denunciado em carta aberta à população pelo Simerj.

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De um lado, Metrô Rio e seu faturamento milionário garantido pelo suor dos trabalhadores metroviários, de outro, tratamento humilhante, inclusive sem horário para refeição. Um total desrespeito que é desconhecido por muitos dos 635 mil usuários, afetando o bem-estar dos trabalhadores e a segurança de todos.

Trabalho ininterrupto

Para atender a demanda de pessoas que vieram para Jornada Mundial da Juventude, o Metrô Rio impôs um esquema de atendimento que teve início às 7h de quinta-feira (25/07) e foi encerrado à 0h de segunda-feira para terça-feira. Foram 127 horas de operação ininterrupta, contabilizando mais de 3 milhões de passageiros no sistema metroviário.

O sistema de metrôs operou com 42 trens, além de mais três trens extras, realizando 4.250 partidas. Nos horários de mais aglomeração o metrô recebeu quase sete passageiros por segundo, com fluxo de entrada de 500 passageiros por minuto.

Desrespeito aos metroviários e usuários

Diante de um gigantesco faturamento, do alto valor da tarifa e da exploração sobre os trabalhadores metroviários, o mínimo que poderíamos esperar da concessionária Metrô Rio era um transporte de qualidade para todos. No entanto, os fatos nos mostram que seja no Rio de Janeiro, ou em outro estado onde o sistema de transporte sobre trilhos esteja nas garras das concessionárias a única preocupação é o lucro.

Por isso, a Fenametro e os sindicatos de base reafirmam em suas bandeiras a luta pela reestatização dos sistemas de transporte sobre trilho: metrô e ferrovia, com garantias de emprego, para garantir a valorização e o respeito a todos os metroferroviários, além de um transporte gratuito e de qualidade para todos os usuários.