Parece piada. O MetrôRio comprou 19 trens chineses. E agora terá de realizar obras em túneis e estações para adaptá-los aos novos trens. As obras terão o objetivo de evitar colisões laterais. O metrô carioca, que é privatizado, gastou R$ 320 milhões com 19 trens. A concessionária MetrôRio ainda não informou quanto vai gastar com as obras. Os governos federal e estadual falam muito na “competência” privada, sempre contrastando com a “ineficácia” estatal. Como explicar uma trapalhada dessa, então?
O Simerj (Sindicato dos Metroviários do Rio de Janeiro) denunciou o caso ao Ministério Público. O Sindicato afirma que devido a uma suposta falha na análise aerodinâmica dos novos trens, a trepidação dos comboios em movimento poderia levá-los a colidir com estruturas de concreto. Carlos Andresano, promotor do Ministério Público, declarou que já tomou conhecimento do ocorrido e vai cobrar explicações da concessionária MetrôRio.
Além do MP, a Agência Reguladora de Transportes Públicos (Agetransp) também está investigando o assunto. Em nota oficial, o órgão garantiu que “a agência está realizando uma verificação criteriosa dessas informações”.
Ariston Santos, diretor do Simerj, lembra que os técnicos não levaram em consideração que só há motor no primeiro carro do trem chinês e não em todos os vagões, como nos trens que são utilizados atualmente em São Paulo e Rio de Janeiro. Isso provocaria balanço mais acentuado, que poderia levar o trem a esbarrar na plataforma e pilastras.
Fernando MacDowell, especialista em engenharia de transportes da Coppe/UFRJ, garante que alertou sobre o problema em audiências públicas. “Não me ouviram”, lamentou.